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    Preservação ambiental, conservação ambiental e aquicultura

    “Em tempos de informação abundante, o desafio da comunicação é imenso.” Já escrevi isto em outras colunas e em praticamente todas as minhas palestras e cursos repito esta frase. Volto a insistir nesta questão porque é impressionante como isto prejudica diretamente o entendimento e o direcionamento dos fatos ou discussões. Por conta da facilidade no compartilhamento de notícias e opiniões, aliado a posicionamentos pessoais e à flexibilidade de termos que a língua portuguesa oferece, logo temos algo completamente distorcido e fora da realidade.

    Quer um exemplo prático envolvendo a produção de organismos aquáticos? Observe como a falta de entendimento primário envolvendo os conceitos de Preservação Ambiental e Conservação Ambiental afetam diretamente nosso setor.

    Conforme o naturalista John Muir, maior expoente preservacionista, defende que a natureza existe desde muito antes da ocupação humana e por isso deve se manter intocada. Envolve a adoção de medidas radicais e extremas. Em que situações este conceito deve ser aplicado? Nas Unidades de Conservação, Terras Indígenas, Parques Nacionais, Reserva Legal e Áreas de Proteção Permanente, os quais somados perfazem o montante de 563.736.030 hectares ou 66,3% do território brasileiro, conforme dados recentes publicados pela Embrapa.

    Por algumas particularidades, especialmente as relacionadas à distinta riqueza de biodiversidade, tais áreas já foram previamente identificadas, mapeadas e declaradas como prioridade de intocabilidade de seus recursos naturais.

    Enquanto que a Conservação Ambiental, de acordo com Aldo Leopold, precursor da Biologia da Conservação, defende a participação humana com harmonia, explorando os recursos naturais de forma sustentável em prol da sociedade. Trata a natureza de uma maneira bem menos rígida, liberando a exploração de seus recursos desde que seja com inteligência, assim como o manejo correto do meio ambiente pelo homem. Defende ainda o desenvolvimento sustentável da humanidade, para garantir melhor qualidade de vida às gerações presentes e futuras.

    Diretamente ligados à Preservação e à Conservação Ambiental, temos ainda a Sustentabilidade, formando a tríade de terminologias frequentemente utilizadas fora do contexto ou em situações inadequadas. Sustentabilidade vem do termo “sustentável”, que deriva do latim sustentare, significando sustentar, defender, favorecer, apoiar, conservar e cuidar. Teve origem em Estocolmo, na Suécia, durante a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente, em 1972. Mais tarde, em 1992, na Conferência Eco-92, consolidou-se o conceito de desenvolvimento sustentável, entendido como o desenvolvimento a longo prazo sem exaurir os recursos naturais utilizados pela humanidade.

    Por fim, conforme conceitos mais recentes sobre Sustentabilidade, de maneira simples e objetiva, prega que: “Deixar para nossos filhos e netos um meio ambiente igual ao que encontramos é pouco. O desafio é deixar um ambiente melhor.”

    Após devidamente apresentadas as definições e significados dos termos mais utilizados quando o assunto é meio ambiente, vamos aos fatos.

    O que isto tudo tem a ver com a aquicultura? Por não saberem a real diferença entre um termo e outro, acabam misturando as coisas. Não tem lógica alguma falarmos de Preservação Ambiental em áreas fora das Unidades de Conservação, conforme os casos já citados. Enquanto que Conservação e Sustentabilidade fazem todo o sentido. E de que forma devemos implementar ou apoiar políticas que na prática sejam efetivas, que realmente tragam melhorias ao meio ambiente?

    Inicialmente, é preciso identificar e deixar claro aos legisladores onde realmente estão os problemas e as principais ameaças ao meio ambiente. O problema do meio ambiente está nas cidades e não no campo! É das cidades que partem os maiores exemplos de não aplicação dos conceitos de desenvolvimento sustentável. Ironicamente, é pautado principalmente na opinião de quem mora nas cidades as leis e regras para quem vive no campo. Por sua vez, os que vivem no campo produzem alimentos para sustentar os que vivem na cidade.

    E aí então o correto seria leis mais brandas para o campo? Não, de jeito nenhum! Já está provado por A + B que a proteína aquática é a forma mais sustentável de se produzir alimentos. Portanto, não precisamos de qualquer abrandamento de leis — apenas que sejam coerentes. E, lógico, que esta mesma coerência seja aplicada nas cidades. Simples assim.

    Agradeço a colaboração do amigo Splinter, Prof. Dr. André Luiz Julien Ferraz (UEMS), o qual auxiliou na construção desta linha de raciocínio que inicialmente foi proposta para a pesca esportiva, mas que se enquadra perfeitamente na aquicultura. Grato pela parceria, meu amigo.

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