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    As possibilidades da carcinicultura brasileira voltar a exportar grandes volumes

    Depois de um longo período de adormecimento, pelos diversos motivos imagináveis (desvalorização cambial, ação antidumping, perda de competitividade, preços favoráveis do mercado interno), a carcinicultura brasileira volta a ter de fato uma maior mobilização para participar do cenário mundial das exportações de camarões. Essa iniciativa vem ocorrendo por intermédio dos mais variados grupos de fazendas, e nesse artigo vamos entender o que anda acontecendo nos bastidores sobre o tema.

    I. O que tem motivado interesse

    Segundo a ABCC, entre 2016 e 2020 a produção de camarão no Brasil cresceu aproximadamente 86,67%, saindo de 60.000 para 112.000 toneladas, um crescimento na casa de 16,9% a.a. Todos já devem ter ouvido falar na máxima de mercado, que quando a oferta de um produto aumenta, o preço médio despenca.

    Embora o aumento tenha sido representativo, não transparece na realidade de consumo, pois a média mensal de consumo per capita de camarão não ultrapassa 70 g/mês no Brasil, o que indicaria um potencial ainda maior para absorver aumentos de produção.

    Mas então, por que o preço despencou? Ocorre que, quando falamos nos atores que participam no desenvolvimento e promoção da indústria, temos que pensar em: produtores (fazendas e laboratórios), compradores de feiras, restaurantes e beneficiamentos (diferentes formatos de produtos). O aumento rápido da produção não foi acompanhado pelo aumento no número de compradores e de novas indústrias e formas de produto, e isso causa um reflexo.

    Por isso, dois aspectos de diferentes perspectivas motivam os produtores brasileiros a buscar o mercado externo: o primeiro é a complexa relação de vendas no mercado interno e o segundo são as vantagens de opções e equalizações de preços que as exportações podem trazer.

    II. Relembrando o histórico das exportações

    Aos que não participaram desse período, vale citar algumas lembranças que fazem esse tema ser tão saudoso. Entre 2003 e 2004, as exportações de camarão do Brasil representavam aproximadamente 76 a 78% do destino da produção. Nesse período, o Brasil participava com destaque nas exportações de pequeno e médio porte para EUA e de camarão tropical para a UE.

    III. Cenário mundial das importações de camarões

    Dados divulgados pela Undercurrent News em janeiro deste ano apontam que, nos últimos 7 anos, o ritmo de crescimento das importações mundiais de camarões segue perto dos 6% a.a. Apenas para exemplificar, durante esse período as importações de camarões passaram de 2,03 para 3,05 milhões de toneladas, um aumento de 1,1 milhão de toneladas no período de 2012 a 2019.

    Apesar da retração de 3% em 2020 (3,04 milhões de toneladas), devido aos impactos relacionados à COVID-19, existe uma expectativa positiva para os próximos anos, justificada pelas previsões de crescimento econômico dos países desenvolvidos.

    IV. Possibilidades reais para o Brasil e mercados

    No ano de 2020, com muito esforço comercial, houve ensaios para o retorno das exportações com destino à Ásia. Embora os volumes tenham sido baixos — 82,4 toneladas e US$ 344.032 — foi um marco e importante iniciativa para restabelecer processos internos e necessários ao retorno do camarão brasileiro ao cenário internacional.

    Para 2021, até o momento já se atinge números semelhantes com o mesmo destino do ano anterior e já se sabe que há movimentações em andamento para exportações para os EUA. Outros mercados consumidores importantes já estão sendo prospectados, em especial a UE e a China, mas existem ainda processos burocráticos a serem concluídos.

    União Europeia — No caso da U.E, o direito de exportar foi cessado devido ao não cumprimento de exigências acertadas pela U.E com o MAPA há alguns anos, e desde então, independentemente se a origem é aquicultura ou pesca, não há exportação.

    China — Em relação à China, o Brasil não tem habilitada a espécie L. vannamei de cultivo liberada para exportação, e por esse motivo ainda não pode exportar.

    Para ambas as situações, esforços vêm sendo feitos para dar celeridade à resolução dos processos.

    Os preços no mercado internacional têm ficado atrativos nas últimas semanas e dois fatores contribuem: as dificuldades que a Índia tem enfrentado com a pandemia e desastres naturais e o avanço da vacinação nos principais mercados consumidores, que tem elevado a demanda. A situação das exportações e importações de camarões segue aquecida.

    V. Desafios e reflexos para o mercado interno

    Voltar a exportar de forma consistente e crescente é um dos desafios mais importantes para a carcinicultura brasileira. Não bastassem os entraves com burocratização, vamos finalizar o mês de junho com o menor dólar do ano e a torcida nesse momento é que ele volte aos patamares do primeiro trimestre.

    Com a possibilidade de abertura das exportações, a venda de camarão no mercado interno pode ganhar o fôlego necessário para que a indústria como um todo continue seu ritmo de crescimento e ocupe o papel de destaque que todos nós imaginamos que ela possa ter. Mais do que nunca, é possível ver uma luz no fim do túnel — porém, o caminho até lá, como sempre, não será fácil.

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