A indústria de piscicultura do Brasil registrou uma queda de 28% nas exportações durante o terceiro trimestre de 2025, em decorrência do recente tarifaço dos Estados Unidos. A medida impacta diretamente produtores de tilápia e outros peixes cultivados, elevando os custos de acesso ao mercado norte-americano e pressionando toda a cadeia produtiva nacional. Os dados constam no novo Informativo de Comércio Exterior da Piscicultura, publicado pela Embrapa Pesca e Aquicultura (Palmas-TO), em parceria com a Associação Brasileira da Piscicultura (Peixe BR).
Tarifas de até 50% impactam diretamente as exportações
O ápice da queda nas exportações foi causado pela imposição de tarifas de até 50% sobre produtos de piscicultura brasileiros enviados aos Estados Unidos — um dos principais destinos das vendas externas. Segundo fontes do setor, a medida teve efeito imediato, resultando em uma retração expressiva de 28% no volume exportado no terceiro trimestre.
No caso da tilápia, cuja produção se concentra principalmente no estado do Paraná — líder nacional —, cerca de 80% das exportações têm como destino o mercado norte-americano. Analistas alertam que, se a situação não for revertida, o segundo semestre poderá registrar níveis mínimos de exportação.
Concorrência com o Vietnã e riscos para o setor
De acordo com o pesquisador da Embrapa Manoel Pedroza, outro ponto de atenção é o crescimento das importações de filé de tilápia do Vietnã, que somaram US$ 195 mil e 48 toneladas no período. Alguns lotes chegaram ao Brasil a um preço FOB de R$ 16,70/kg — valor inferior ao praticado pelo produto nacional —, o que representa uma ameaça à competitividade da cadeia produtiva brasileira.
Perspectivas e necessidade de diversificação de mercados
A imposição de tarifas elevadas pelos Estados Unidos expôs fragilidades logísticas e de competitividade da piscicultura brasileira. Especialistas defendem a diversificação de mercados e políticas públicas de apoio para mitigar os impactos da taxação.
“Caso o cenário atual continue, é provável que tenhamos uma redução ainda maior das exportações no último trimestre de 2025. Os exportadores têm buscado novos mercados, mas é difícil encontrar países que absorvam o mesmo volume de tilápia que era destinado aos Estados Unidos, principalmente porque o mercado europeu permanece fechado para o pescado brasileiro”, projeta Pedroza.
Fonte: Embrapa Pesca e Aquicultura/Peixe BR
