Um estudo traçou o “retrato” do microbioma intestinal do camarão-branco em biofloc indoor e mostrou favorecimento de bactérias benéficas. Um estudo traçou o “retrato” do microbioma intestinal do camarão-branco do Pacífico (Litopenaeus vannamei) criado em um sistema indoor de biofloc automatizado e mostrou que esse tipo de cultivo favorece bactérias benéficas ligadas à digestão e à imunidade. Os pesquisadores compararam três condições: um grupo controle sem biofloc e dois tratamentos com bioflocos (GRG1 e GRG2), ambos com densidade de 200 camarões por metro cúbico, mas com diferentes razões carbono:nitrogênio e doses de probiótico Bacillus tropicus.
Nos grupos com bioflocos, famílias bacterianas benéficas aumentaram de forma marcante. Foram coletados dez intestinos por tratamento ao final da engorda e sequenciado o gene 16S rRNA para mapear a comunidade bacteriana presente no trato digestório. Nos grupos com bioflocos, especialmente no GRG2 (C/N 20 e dose menor de probiótico), a abundância relativa de famílias consideradas benéficas, como Fusobacteriaceae e Peptostreptococcaceae, aumentou de forma marcante: Fusobacteriaceae chegou a 0,79 em GRG2 e 0,32 em GRG1, contra apenas 0,03 no controle.A presença de Bacteroidetes e Photobacterium reforçou a mudança microbiana favorável promovida pelo biofloc. A presença expressiva de Bacteroidetes e de bactérias do gênero Photobacterium nos tratamentos com bioflocos indicou uma mudança microbiana favorável em relação ao sistema sem flocos. Segundo os autores, esse enriquecimento do intestino com microrganismos associados à fermentação de nutrientes, produção de compostos bioativos e competição com patógenos sugere melhora do potencial digestivo e de defesa dos animais.
O cultivo foi realizado em um sistema IMTAS totalmente automatizado e integrado. O trabalho foi realizado em um sistema chamado IMTAS (Indoor Multi-Techno Aquaculture System), que combina unidade de produção, floculação e fitorremediação com macroalgas, tudo monitorado por sensores, válvulas e alimentadores automatizados conectados via Internet das Coisas (IoT). Nesse arranjo, o próprio biofloco gerado é recirculado, filtrado, parcialmente reutilizado como alimento e tem sua comunidade microbiana constantemente renovada.
O bioflocos bem manejado remodela positivamente o microbioma intestinal e tende a aumentar eficiência e resistência do camarão. Os autores concluem que o cultivo em bioflocos, quando bem manejado com ajuste de C/N e uso de probiótico adequado, remodela positivamente o microbioma intestinal do camarão, aumentando diversidade e dominância de bactérias benéficas. Essa modulação microbiana tende a se traduzir em maior eficiência nutricional, melhor capacidade antioxidante e maior resistência a estresses, reforçando o bioflocos como estratégia promissora para elevar a produtividade e a sanidade na carcinicultura intensiva.
Fonte: Profiling the gut microbiome of Pacific Whiteleg shrimp,Litopeneaus vannamei raised in an indoor biofloc aquaculture system