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    Nanopartículas de β-glucano prometem vacinas e entrega de nutrientes mais eficientes para peixes, mas faltam dados de segurança

    Revisão aponta que nanopartículas de β-glucano (GluNPs) reúnem biocompatibilidade, atividade imunomoduladora, mucoadesividade e alta capacidade de encapsular e liberar compostos de forma controlada. O uso direto em peixes ainda é pouco explorado. O artigo descreve métodos de síntese e funcionalização e destaca aplicações potenciais em imunostimulação, vacinas de “próxima geração” e sistemas sustentáveis de entrega de fármacos e nutrientes. Também lista as principais barreiras: ausência de dados toxicológicos específicos, lacunas sobre absorção/biodistribuição em espécies aquáticas e entraves regulatórios e tecnológicos.

    Por que isso importa para a aquicultura

    O crescimento da aquicultura aumenta a pressão por estratégias para saúde, produtividade e sustentabilidade. Surtos de doenças e uso disseminado de antibióticos seguem como desafios críticos. Estratégias que reforcem a imunidade e reduzam a dependência de químicos são urgentes.

    Técnicos vacinam peixes com pistolas de injeção sobre mesas com água em unidade de aquicultura.
    Equipe aplica vacinação em peixes juvenis com pistolas de injeção, prática comum para controle de doenças na aquicultura. Fonte: HIPRA.

    Como as GluNPs atuamOs β-glucanos são reconhecidos como PAMPs (padrões moleculares associados a patógenos) por PRRs (receptores de reconhecimento de padrão), com destaque para receptores CTLD (domínio tipo lectina C). Em peixes, a sinalização envolve TLRs (receptores tipo Toll), CLRs (receptores tipo lectina C) e receptores “scavenger”, ativando fagocitose e citocinas. A estimulação de mucosas pode elevar IgT/IgZ (imunoglobulina de mucosa de teleósteos).

    Onde aplicar em peixes

    A extrapolação das propriedades indica impacto positivo na prevenção (imunostimulação e vacinas), no tratamento de doenças infecciosas e na entrega eficiente de nutrientes ou fármacos por imersão, injeção ou via oral.

    Vias de administração já usadas com β-glucanos

    Pesquisas com β-glucanos (não nano) em peixes utilizaram rotas parenterais (intravenosa, intraperitoneal, subcutânea), dieta (via oral) e imersão — esta última útil em larvas e pós-manipulação.

    Mão com luva segura frasco enquanto seringa retira dose; imagem conceitual de vacina e adjuvantes β-glucano para aquicultura.
    Siringa coletando dose de um frasco estéril, representação de vacinas e possíveis adjuvantes de β-glucano aplicáveis a peixes.

    Espécies já estudadas com β-glucanos (base para as GluNPs)

    Exemplos incluem carpa Cyprinus carpio, tilápia Oreochromis spp., truta-arco-íris Oncorhynchus mykiss, jundiá Rhamdia quelen, bagre-do-canal Ictalurus punctatus e black bass Micropterus salmoides. Em marinhos: robalo-europeu Dicentrarchus labrax, atum Thunnus maccoyii, pargo-vermelho-do-Pacífico Lutjanus peru, pampo Trachinotus ovatus, linguado Scophthalmus maximus e totoaba Totoaba macdonaldi.

    Como se faz: principais rotas de síntese

    Os métodos de síntese de GluNPs se dividem em químicos e físicos.

    • Químicos
      • Dissolução alcalina + gelificação iônica: uso de NaOH (hidróxido de sódio) para dissolução e TPP (tripolifosfato de sódio) para reticular/estabilizar partículas.
      • Auto-organização (self-assembly): dissolução em DMSO e indução com ácido trifluoroacético (TFA).
      • Exemplos de tamanho: 60 nm obtidos com NaOH/ácido acético/TPP.
    • Físicos
      • Moagem de bolas (ball milling): redução por impacto/atrito com esferas de ZrO₂ (dióxido de zircónio); controle por tempo/rotação.
      • Homonogeneização de alta pressão (high-pressure homogenization): produção direta a partir de corpos de frutificação de fungos ricos em β-glucano.
      • Filtração + consolidação térmica: formação de “nanopapers” quito-glucano para materiais/filtração.
    Close macro da superfície com espículos do cogumelo juba-do-leão (Hericium erinaceus), fonte de β-glucano.
    Cogumelo juba-do-leão (Hericium erinaceus), conhecido pelo alto teor de β-glucanos usados em aplicações alimentares e biomédicas.

    O que ainda falta (principais barreiras)

    Toxicologia e ecotoxicologia: faltam estudos específicos em organismos aquáticos (bioacessibilidade, bioacumulação, excreção, órgãos-alvo, microbioma), além do efeito do meio (salinidade, pH, temperatura, matéria orgânica) sobre estabilidade e carga superficial.

    Fisiologia e eficácia: desconhecimento das rotas de absorção e distribuição em peixes; necessidade de validar efeitos como adjuvante/imunostimulante.

    Técnico-metodológicas: escalabilidade, custo, reprodutibilidade e sustentabilidade de processos que hoje dependem de solventes, surfactantes e alta energia.

    Regulação: ausência de diretrizes claras para aprovar/usar nanomateriais em aquicultura; autores propõem roteiro com padronização, estudos espécie-específicos, ferramentas analíticas e limites de exposição.

    Status atual

    Até o momento, o uso de GluNPs na aquicultura não foi investigado diretamente. A extrapolação de resultados em biomedicina, agricultura e alimentos indica potencial, mas o campo segue em fase de prospecção.

    Fonte

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