A Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri) criou um biofertilizante aeróbico inovador que está aumentando a produtividade de morangos em pequenas propriedades familiares do estado. O produto, de baixo custo e alta eficiência, utiliza farinha de peixe como ingrediente-chave. Esse insumo, de origem aquícola, é rico em nitrogênio e aminoácidos essenciais.
Os pesquisadores desenvolveram o biofertilizante na Estação Experimental da Epagri em Itajaí. A fórmula reúne ingredientes simples e fáceis de encontrar: amido de milho e mandioca, açúcar cristal, farelo de arroz, esterco animal e água. O processo de fermentação é aeróbico, com oxigenação forçada por até oito dias. Dessa forma, garante-se estabilidade microbiológica e melhor aproveitamento pelos cultivos.
Resultados expressivos no campo
A produtora Vilma Fontanive Reichert, de Luiz Alves, aplicou o biofertilizante em 400 m² de cultivo suspenso e protegido, com 2.700 mudas de morango. A produção mensal passou de níveis anteriores para 70 a 80 kg de frutos. Além disso, ela registrou forte redução de pragas, principalmente ácaros, e melhora geral na saúde das plantas.
“Aqui a gente tinha muito problema de ácaro. Desde que comecei a usar esse fertilizante da Epagri, os bichinhos sumiram”, conta Vilma.
Produção e aplicação
O próprio agricultor pode produzir o biofertilizante na propriedade. O custo é baixo e o manejo, simples. São cerca de 200 litros mensais, aplicados pelo sistema de gotejamento. Por isso, a tecnologia é acessível e viável para agricultores familiares, inclusive para quem está em transição agroecológica.
Evento de divulgação
A Epagri apresentou oficialmente a tecnologia no TecnoHorti 2025, realizado em junho na Estação Experimental de Itajaí. O evento reuniu mais de 500 participantes e destacou alternativas sustentáveis para a horticultura. Entre elas estavam a compostagem de resíduos, a produção de mudas orgânicas, o plantio direto de hortaliças e o cultivo suspenso com foco em ergonomia.
Integração com a aquicultura
O uso da farinha de peixe fortalece a conexão com a cadeia aquícola. Essa prática agrega valor a subprodutos da pesca e estimula circuitos produtivos integrados e sustentáveis. Assim, a iniciativa mostra que a aquicultura contribui não apenas com alimentos, mas também com soluções agroecológicas para outras cadeias produtivas.