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    Senado do Paraguai aprova lei que permite cultivo de tilápia em Itaipu e Yacyretá; medida gera debate sobre tratados binacionais

    Projeto aprovado nesta quarta-feira (10) visa equiparar a produção paraguaia ao modelo brasileiro, mas enfrenta resistência da oposição e alertas sobre violação de protocolo diplomático de conservação de fauna vigente desde 1999.O Senado do Paraguai sancionou, nesta quarta-feira (10 de dezembro), o projeto de lei que estabelece o regime de licença ambiental para o cultivo, engorda e comercialização de espécies exóticas (alóctonas) em corpos d’água fechados e semiabertos. Na prática, a medida abre as portas para a produção de tilápia em tanques-rede nos reservatórios das hidrelétricas de Itaipu e Yacyretá, uma demanda antiga do setor produtivo local.

    O texto agora segue para sanção ou veto do Poder Executivo.

    Segundo o senador governista Javier Zacarías Irún (ANR), relator do projeto, a nova legislação consolida uma alternativa econômica crucial para o país, permitindo que o Paraguai implemente o mesmo modelo de aquicultura já consolidado no lado brasileiro dos reservatórios. O Ministério do Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (MADES) sinalizou, em relatório técnico, que o projeto visa criar o marco jurídico necessário para essa exploração comercial.

    Vista aérea panorâmica da barragem da Usina Hidrelétrica de Itaipu, mostrando o vertedouro e o reservatório no Rio Paraná.
    O vasto reservatório da Itaipu, na fronteira entre Brasil e Paraguai, é o alvo do projeto de lei que visa implementar a criação de tilápias em tanques-rede.

    O Imbróglio Diplomático e Ambiental

    A aprovação, no entanto, não ocorreu sem forte polêmica. A oposição, liderada pela senadora Yolanda Paredes (Cruzada Nacional), alertou que a legislação doméstica pode ser inócua ou gerar sanções internacionais por violar tratados vigentes entre Brasil e Paraguai.

    O ponto central da controvérsia jurídica reside no Protocolo Adicional ao Acordo para a Conservação da Fauna Aquática nos Cursos dos Rios Limítrofes. Este documento, assinado em 1999 e promulgado no Brasil pelo Decreto nº 4.256/2002, estabelece regras rígidas para a gestão da biodiversidade compartilhada.

    O Artigo XVII do protocolo é explícito ao vedar certas práticas nos rios de fronteira:

    “Nas águas dos rios limítrofes entre os territórios das Partes, é vedada a introdução, reintrodução e o cultivo de espécies que não forem de origem e ocorrência natural das bacias hidrográficas do Rio Paraguai e do Rio Paraná.”

    Parlamentares da oposição argumentam que, sem uma renegociação prévia deste tratado binacional, a lei interna paraguaia nasce com vício de inconstitucionalidade (por violar a hierarquia dos tratados) e expõe o país a insegurança jurídica.

    Letreiro turístico colorido com o nome Itaipu Binacional sobre gramado verde em dia ensolarado.
    A hidrelétrica de Itaipu é o centro da discussão sobre a nova lei paraguaia que permite o cultivo de tilápias em reservatórios binacionais.

    Riscos à Biodiversidade

    Além da questão diplomática, foram levantadas preocupações ambientais sobre o impacto de espécies exóticas na fauna nativa. “O que menos precisamos em nossas águas são espécies alóctonas que não são originárias da América do Sul”, afirmou Paredes, citando riscos de contaminação genética e competição predatória que poderiam afetar espécies nativas de alto valor, como o surubim e o pacu.

    A defesa do projeto sustenta que o Ministério das Relações Exteriores do Paraguai emitiu parecer favorável, alegando que a norma não vulnera convenios internacionais, uma posição que contrasta com alertas de técnicos da própria pasta citados durante a sessão.

    Agora, o setor aguarda a decisão do Presidente da República e os desdobramentos diplomáticos junto à Itaipu Binacional para saber se a criação de tilápias será, de fato, viabilizada na prática.

    Fonte: ABC Color

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