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    Nova espécie subterrânea revela passado marinho no Rio Grande do Norte

    Brasilana spelaea é o primeiro crustáceo troglóbio descrito no estado e já pode estar ameaçado de extinção por pressões humanas e exploração subterrânea.

    Um pequeno crustáceo branco e cego, habitante das águas subterrâneas do semiárido nordestino, acaba de ganhar destaque na ciência internacional. Trata-se da Brasilana spelaea, a primeira espécie troglóbia (adaptada exclusivamente à vida em cavernas) descoberta no Rio Grande do Norte. O animal pertence à família Cirolanidae, grupo de isópodes aquáticos, e é tão diferente de outras espécies conhecidas que levou os pesquisadores a criar um novo gênero, batizado de Brasilana.

    Descrita em artigo publicado na revista científica Zootaxa, a espécie foi encontrada em cavernas inundadas do oeste potiguar e no nordeste do Ceará. Vivendo em águas frias e estáveis, totalmente isoladas da luz, a Brasilana spelaea exibe características típicas dos habitantes subterrâneos: ausência de pigmentação e olhos, antenas longas e órgãos sensoriais aguçados para compensar a escuridão.

    Segundo o analista ambiental Diego Bento, do ICMBio/Cecav e um dos autores do estudo, trata-se de um relicto oceânico — um descendente de organismos marinhos que ficaram presos nas cavernas durante antigos recuos do nível do mar. “Essa descoberta ajuda a contar a história geológica do semiárido e reforça o papel do Rio Grande do Norte como uma das regiões mais ricas em biodiversidade subterrânea do Brasil”, afirmou Bento.

    Pesquisas apontam que 16 das 40 espécies aquáticas subterrâneas conhecidas no país têm origem semelhante, resultado de avanços e recuos oceânicos que moldaram o território nordestino há milhões de anos. Essas transformações estão detalhadas em obras recentes, como o livro CaveRNas: o carste potiguar, que analisa como o paleoclima da região influenciou a evolução dessas espécies.

    Apesar de seu valor científico, especialistas alertam que a nova espécie já enfrenta ameaças significativas, como a expansão da indústria de calcário, o turismo irregular e a exploração de aquíferos subterrâneos. O registro de Brasilana spelaea reforça a urgência de políticas voltadas à conservação das cavernas brasileiras, ecossistemas frágeis e, em grande parte, ainda desconhecidos.

    Fontes:

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