Estudo revela que a aplicação de aprendizado de máquina na aquicultura está acelerando, com potencial de atingir quase mil publicações científicas anuais até o final da décadaA integração de inteligência artificial (IA) à aquicultura vem crescendo de forma constante, com uma taxa média anual de 15,63% até julho de 2025. Essa é a principal conclusão de uma análise bibliométrica recém-publicada, que mapeou a produção científica mundial sobre aprendizado de máquina no setor aquícola e projetou sua evolução até 2030.

Segundo o estudo, publicado na revista Aquaculture, o uso de técnicas como redes neurais e aprendizado profundo (deep learning) está transformando a forma como se conduz a produção aquícola. Os temas mais abordados nas pesquisas incluem monitoramento em tempo real, detecção de espécies e modelos preditivos aplicados ao crescimento, à mortalidade e à qualidade da água.
A análise considerou 1.516 artigos científicos indexados até julho de 2025, oriundos de 511 periódicos e mais de 6 mil autores. A China lidera em volume de publicações, seguida por Estados Unidos e Índia. No entanto, quando se avalia o impacto por citações, Estados Unidos e Reino Unido aparecem como os países de maior influência.
As previsões para os próximos anos foram feitas com base em seis modelos estatísticos diferentes. O modelo ARIMA, o mais otimista, projeta que o número de publicações anuais ultrapasse 990 até 2030. Os modelos ETS e Theta também apontam crescimento, ainda que com estimativas um pouco mais conservadoras.
A pesquisa mostra que o campo passou por uma mudança temática significativa nos últimos anos. Antes de 2015, o foco estava no monitoramento ambiental. A partir de 2020, houve uma transição para sistemas inteligentes voltados à produção sustentável, com destaque para análise comportamental de peixes, detecção de doenças e modelagem da dinâmica de crescimento.
Além disso, os termos mais recorrentes nas publicações, como “sistema” e “modelo”, indicam um interesse crescente por soluções automatizadas que otimizem a tomada de decisão nas fazendas aquícolas.
O estudo conclui que a inteligência artificial tem potencial para transformar a aquicultura em um sistema adaptável, preditivo e mais sustentável, com benefícios diretos para a segurança alimentar global. Os autores sugerem que pesquisas futuras integrem dados qualitativos e explorem fontes além da base Web of Science, ampliando o entendimento sobre os impactos dessa revolução tecnológica no setor.