Esses elementos, apesar de essenciais para a fabricação de tecnologias modernas como baterias, painéis solares e equipamentos médicos, são classificados como contaminantes emergentes devido ao seu acúmulo em cadeias alimentares marinhas. Macroalgas e bivalves, como mexilhões e ostras, apresentam as maiores concentrações, ultrapassando 4 milhões de microgramas por quilo em espécies como Mytilus galloprovincialis.
A contaminação atinge especialmente zonas costeiras próximas a centros industriais. Regiões como Japão, Mar Negro e Crimeia exibem os níveis mais altos já registrados. Em contrapartida, áreas remotas como o Atlântico Norte e Papua-Nova Guiné apresentam acúmulo mínimo.
O estudo destaca que, diferentemente de metais como mercúrio, os elementos de terras raras não se biomagnificam (aumento na concentração de substâncias tóxicas) ao longo da cadeia trófica. Ainda assim, há evidências de estresse oxidativo, alterações reprodutivas e efeitos neurológicos em peixes, moluscos e ouriços expostos a esses metais.
As concentrações registradas em organismos marinhos são, em alguns casos, compatíveis com aquelas que causam efeitos tóxicos em experimentos laboratoriais. Isso acende um alerta para a qualidade do pescado e a necessidade de monitoramento, especialmente em áreas contaminadas.
A ausência de padrões internacionais para limites de segurança em frutos do mar expõe uma lacuna regulatória importante. O artigo sugere a adoção urgente de protocolos padronizados para amostragem e análise desses elementos em ambientes marinhos.
Embora o risco à saúde humana dependa da região e da espécie consumida, a presença crescente desses metais nas cadeias alimentares reforça a urgência de estudos de longo prazo e políticas públicas específicas para mitigar seus impactos.