Diante dos desafios da mudança climática, a aquicultura desponta como uma alternativa sustentável e estratégica. A prática, que consiste no cultivo de organismos aquáticos como peixes, camarões, moluscos e algas, tem se destacado por unir produção de alimentos, sustentabilidade e desenvolvimento socioeconômico.
Aquicultura como resposta à crise climática
Com baixa emissão de gases de efeito estufa e alto potencial de adaptação, o setor ganha cada vez mais espaço no Brasil e no mundo. Atualmente, mais da metade do pescado consumido globalmente já é proveniente da aquicultura, que apresenta vantagens significativas sobre outros sistemas de produção animal. Além disso, o cultivo de algas marinhas se destaca como solução natural para absorção de carbono, dispensando o uso de fertilizantes e oferecendo múltiplos usos — de alimentos a biocombustíveis. Portanto, representa uma alternativa promissora tanto do ponto de vista ambiental quanto econômico.
Impacto social e desenvolvimento regional
No Brasil, iniciativas regionais reforçam o papel da aquicultura no combate à desigualdade social. A carcinicultura no semiárido nordestino, por exemplo, tem promovido geração de emprego e renda em áreas historicamente vulneráveis. Já o cultivo de moluscos em zonas costeiras melhora a qualidade da água e fortalece a biodiversidade local.
Segundo a secretária Nacional de Aquicultura do Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA), Fernanda Gomes de Paula, o foco é criar um ambiente favorável ao crescimento sustentável do setor. “Estamos trabalhando para simplificar processos, promover o ordenamento territorial e valorizar o pescado nacional. Queremos uma aquicultura forte, competitiva e alinhada com os objetivos climáticos do país”, afirmou.
Integração com o Plano Clima
Como parte do Plano Clima, o MPA já propôs ações para integrar a aquicultura às políticas de mitigação e adaptação às mudanças do clima. Com isso, as medidas incluem assistência técnica, pesquisa aplicada, estímulo a boas práticas e apoio à produção de pequeno e médio porte.
Com planejamento e investimento adequados, o setor pode assumir papel central na segurança alimentar e no desenvolvimento econômico sustentável do Brasil. Em tempos de crise climática, a água pode — e deve — ser nossa maior aliada.