Pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP), em parceria com a Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), desenvolveram uma aplicação inovadora para o sargaço, alga marinha do gênero Sargassum que se acumula em praias. O estudo aproveitou a biomassa para criar uma matéria-prima promissora destinada à construção civil.

Transformação da alga em cerâmica leve
Os cientistas incorporaram a alga em formulações de argilas cerâmicas leves. Dessa forma, obtiveram materiais mais leves, com boa resistência mecânica e menor impacto ambiental. Eles utilizaram o sargaço em proporções de 20% e 40% e aplicaram processos de sinterização em fornos convencionais e também em fornos micro-ondas, em temperaturas entre 800 °C e 1.000 °C.

Resultados dos testes
Os pesquisadores analisaram parâmetros como absorção de água, porosidade e resistência à compressão. A adição de 40% da alga reduziu de maneira significativa a densidade aparente dos agregados. No entanto, apenas os materiais processados em forno micro-ondas alcançaram plenamente os requisitos de resistência em todas as temperaturas. Assim, o forno micro-ondas mostrou desempenho superior em comparação ao forno convencional.
Benefícios ambientais
A avaliação do ciclo de vida mostrou vantagens ambientais relevantes. As formulações com sargaço superaram a argila expandida convencional porque economizam recursos naturais e reduzem a emissão de poluentes durante o processamento. Além disso, o processo em micro-ondas demandou menos energia, o que aumentou a eficiência geral.
Aplicações complementares
Os cientistas também aproveitaram as cinzas da alga para substituir o calcário na produção de painéis particulados e telhas de fibrocimento. Esses produtos apresentaram bons resultados em durabilidade e propriedades mecânicas, o que amplia ainda mais as aplicações da biomassa.
Conclusão
De acordo com os pesquisadores, os agregados de argila cerâmica leve com sargaço sinterizado em forno micro-ondas oferecem uma alternativa viável para mitigar os impactos ambientais do acúmulo da alga no litoral. Além disso, essa tecnologia contribui para a redução do consumo de recursos naturais e melhora a eficiência energética do setor da construção civil.