No fim dos anos 1900 surgiram tecnologias para edição do genoma, esta é uma tendência que visa alto potencial produtivo das espécies para o qual são trabalhadas. O processo funciona basicamente como uma “tesoura” que corta o DNA em um ponto específico (ou mais pontos) que em seguida pode ser modificado, substituído ou removido, gerando assim a melhoria de uma característica determinada ou inibindo alguma função prejudicial.
A ferramenta de edição do genoma chamada CRISPR (do inglês: Clustered Regularly Interspaced Short Palindromic Repeats / Conjunto de Repetições Palindrômicas Curtas Regularmente Espaçadas) tornou o trabalho mais simples, rápido, barato e preciso quando comparado aos métodos de edição de genoma mais antigos, o tornando mais eficiente.
É importante salientar que diferente da transgenia essa tecnologia não engloba nenhuma introdução de genes de outra espécie ao organismo editado. Um dos pontos que podem ser trabalhados por meio da edição é a reprodução de peixes. Além da melhoria da atividade reprodutiva, é possível obter lotes monossexo e até mesmo criação de indivíduos estéreis de forma viável em larga escala. Citando como exemplo a tilapicultura, a produção de lotes de machos para crescimento seria a resolução de um gargalo que pode vir a ser impactante para o setor, a longo prazo, devido a técnica empregada atualmente para masculinização.
Para além das questões técnicas, entraves, como regulamentação do processo, legislação para utilização da ferramenta e questões éticas são uma discussão em curso. Deve-se avaliar a segurança do processo tendo em vista que as edições realizadas em uma célula germinativa serão transmitidas através de gerações, e falhas nos cortes ainda são intercorrências possíveis de ocorrer.
A edição genômica em organismos aquáticos tem sua importância para além dos interesses comerciais. Peixes utilizados como modelos biológicos, como o zebrafish, que possui em seu genoma similaridade com o genoma humano, também se beneficiam da técnica. A realização de estudos com esta e outras espécies permitem melhor compreensão da edição em busca de tratamento em humanos. Genes de zebrafish que são semelhantes aos genes que causam a surdez humana, por exemplo, são estudados para que os cientistas possam entender melhor a base genômica da surdez.
É imensa a potencialidade da aplicação da edição de genoma na aquicultura brasileira se considerarmos para além do crescimento das produções uma maior eficiência zootécnica dos cultivos.