A tilapicultura brasileira consolidou-se como uma potência, colocando o Brasil como o 4º maior produtor mundial, em que a tilápia representa 68% de todos os peixes de cultivo no país. Entretanto, para sustentar esse crescimento, o piscicultor precisa entender que o sucesso não reside apenas em “cortar gastos”, ou seja, a gestão aplicada exige uma visão sistêmica em que o custo é consequência e não a causa única.
Neste sentido, a eficiência técnica da atividade corresponde a três pilares fundamentais (Figura 1) que antecedem ao aspecto financeiro (como consequência), que se resumem na gestão de processos em uma atividade piscícola, sendo:

1. A Tecnologia como Redutora de Ineficiências
Embora a ração seja o “grande vilão”, representando a maior fatia dos custos operacionais efetivos, podendo chegar até 70% dos gastos com este insumo, devido à dependência de commodities influenciada por fatores macroeconômicos que condicionam o preço, a batalha pela margem de ganho é vencida na conversão alimentar. Por exemplo, um fator de conversão alimentar (FCA) de 1.5 é considerado bom, mas alcançar 1.3 torna-se excelente e altera expressivamente o lucro de quem produz.
Para isso, a gestão direcionada ao ciclo produtivo deve focar em automação e sanidade. Para exemplificar em termos práticos, o uso de alimentadores automáticos é crucial para evitar desperdícios, enquanto sensores de oxigênio e temperatura garantem que o ambiente esteja propício para o crescimento adequado dos peixes.
2. O Capital Biológico (Genética e Nutrição)
Investir em genética de ponta não é luxo, é estratégia e necessidade. Peixes melhorados crescem mais rápido, convertem melhor a ração e são mais resistentes a doenças. Destaca-se que a “nutrição de precisão” é a base do processo, garantindo que o ciclo de produção se mantenha estável e com giro rápido (6 a 8 meses), superando outros sistemas de produção animal, como a pecuária tradicional, quanto ao retorno econômico da atividade.
3. Mitigação de Gargalos Estratégicos
A análise SWOT (ou FOFA), que consiste em uma ferramenta clássica de planejamento estratégico que avalia Forças (Strengths), Fraquezas (Weaknesses), Oportunidades (Opportunities) e Ameaças (Threats) para uma empresa, aponta que as maiores fraquezas internas são a falta de mão de obra qualificada e a ausência de tecnologia. Vale destacar que uma gestão eficiente abrange esses pontos, potencializando o capital humano para operar tecnologias de monitoramento e implementando processos que reduzem a dependência de trabalho ineficiente.
Por fim, a viabilidade econômica — comprovada por indicadores favoráveis para um fluxo de caixa, tais como o VPL (valor presente líquido) positivo e a TIR (taxa interna de retorno) superior ao custo de capital ou taxa mínima de atratividade (como por exemplo, a atual SELIC) — é o resultado de uma equação em que a eficiência técnica (como a biologia e automação de processos) tem o mesmo peso quanto a engenharia financeira. Ou seja, o lucro na tilapicultura vem da capacidade de transformar insumos caros em proteína de alta qualidade por meio de processos controlados, transformando o produtor em um gestor de tecnologia biológica.
Um agroabraço e à disposição!










