Uma prática ainda pouco utilizada e mensurada pelos piscicultores é o uso de biorremediadores. Estes produtos são enriquecidos com variadas cepas de bactérias e enzimas, adaptadas a metabolizar e degradar compostos orgânicos nocivos aos peixes, transformando-os em compostos não nocivos, como é o caso da nitrificação do nitrito em nitrato e em seguida em nitrogênio atmosférico.
Existem tipos de biorremediadores mais adequados para cada extrato do viveiro de cultivo, principalmente fundo e coluna d’água, com diferentes cepas de bactérias específicas para cada uso e cabe aos produtores elegerem quais os produtos mais adaptados para suas necessidades de manejo da qualidade de água durante as fases de cultivo.
Em outras palavras, os biorremediadores quando corretamente aplicados, dispensam necessárias as trocas de água para expelir os compostos nocivos. No caso da escassez de água estes produtos podem se tornar grandes aliados dos piscicultores, pois além de minimizar a necessidade de renovação de água, em pisciculturas abastecidas por bombeamento também reduzem o consumo de energia elétrica, melhoram as condições físico-químicas da água de cultivo, promovem a melhoria do fator de conversão alimentar, saúde e imunidade dos animais, sanidade do ambiente de cultivo e manutenção da boa produtividade durante os ciclos seguintes, que estarão com carga de material orgânico acumulado no fundo praticamente inexistente.
Dispensando também a prática de remoção mecânica da matéria orgânica, operação cara e que demanda a mobilização de máquinas e riscos futuros de criação de pontos de vazamento e perda de água pelo fundo dos viveiros. Além dos biorremediadores, a prática de incorporação de compostos prebióticos às rações melhoram a eficiência digestiva dos peixes, promovendo maior e melhor crescimento dos animais e reduzindo a carga metabólica para o ambiente de cultivo.
Existem várias marcas e especificações destes produtos no mercado, com relatos de melhoria de eficiência alimentar próximas de 20% sobre o Fator de Conversão Alimentar dos peixes. Citadas todas as vantagens e aplicações, surge uma pergunta: Será que as práticas da biorremediação e do uso de melhoradores de eficiência alimentar são vantajosas e utilizáveis somente para períodos de escassez hídrica?
Ainda abordando o tema da escassez hídrica e pensando em outro fator que é o descarte de água de cultivo em momentos de despesca, uma simples estratégia pode ser adotada para que os piscicultores não necessitem esvaziar ou baixar a água dos viveiros no momento da retirada dos peixes, que consiste em elevar uma das extremidades ou parte do viveiro.
Em geral viveiros de cultivo na Amazônia apresentam profundidade entre 1,5 e 2 metros. Tenhamos como exemplo um viveiro com 1,7 metro de profundidade na parte oposta à drenagem. Usando a estratégia de elevar este ponto em cinquenta centímetros, teríamos um ponto de despesca com 1,2 metro de coluna de água, profundidade prática e confortável para operadores realizarem uma despesca e por sua vez o piscicultor não precisará dispensar água de cultivo, já enriquecida, mineralizada e estabilizada e também não precisará usar água nova da fonte, seja bombeada ou por gravidade, reduzindo custos com insumos e energia elétrica.
Além de mais econômicas estas estratégias possibilitam uma otimização do uso de água, permitindo ampliações de área produtiva.