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    Inovação na aquicultura

    Que inovação é palavra de ordem, não se questiona. Mas inovador onde? Novas tecnologias para os grandes produtores? Novas tecnologias aos pequenos produtores? Meio ambiente? Desenvolvimento social? Não, meu amigo, a coisa é mais embaixo. É mais embrionária do que imaginamos.

    A maior demanda é inovar em gestão pública. Celeridade nos processos que envolvem a autorização e liberação destas novas tecnologias no campo. Em todo o agronegócio o que se observa é que o tempo e o desafio necessário para o desenvolvimento de uma nova tecnologia é menor e menos complexo que os processos para a liberação da mesma. No caso de vacinas, inoculantes, engenharia genética, defensivos agrícolas, por exemplo, é comum a desistência ou a mudança de rumo por conta da complexidade e lentidão dos processos de avaliação e aprovação.

    Quer um exemplo prático? Caso tenha uma nova tecnologia e pretende patentear isto, esqueça! Os custos e, principalmente, a lentidão de mais de quatro anos para se obter o registro final da patente é tanto, que neste período outras tecnologias mais modernas já terão sobreposto ao que considera inovador.

    É notório o descompasso que existe entre as etapas de inovar — seja em equipamentos, insumos ou novos processos produtivos — e as etapas para registrar, validar ou liberar para uso uma nova tecnologia. Em tempos modernos, onde se vê novas tecnologias em todos os segmentos, é um absurdo o agronegócio ser tão prejudicado por tal lentidão. Além da morosidade para que as inovações tecnológicas cheguem até os produtores, muitos destes sequer têm oportunidade para usá-las, pois as licenças e autorizações para simplesmente começarem a produzir alimento, de forma correta e como diz a lei, demoram tanto que acabam desistindo. Arrendar as terras ou a estrutura de produção é mais negócio.

    Em recente artigo publicado na revista Veja pelo ex-ministro Roberto Rodrigues, intitulado “Dinossauros e Drones”, o qual recomendo fortemente a leitura, o mesmo cita a importância do pequeno e médio produtor dentro do contexto da produção de alimentos e faz dois alertas muito pertinentes:

    • Por conta do uso intensivo de tecnologias pelos grandes, há a tendência destes engolirem os médios e pequenos.
    • Deve ser interesse da sociedade manter o pequeno e médio no campo.

    Pois bem, no caso da aquicultura, sem sombra de dúvidas a atividade mais jovem do agronegócio brasileiro, já se constata isto acontecendo na prática. Pequenos produtores sequer têm acesso às novas tecnologias, pois não conseguem iniciar uma produção conforme as legislações vigentes, e os grandes cada vez mais dominando as produções. Sob a ótica de crescimento do aquanegócio, legal! Estamos crescendo sim. Mas crescendo a qual custo? Qual lastro estamos tendo para crescer? Não é estratégico que o pequeno e o médio aquicultor fiquem de fora deste processo.

    Vale a reflexão.

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