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    Fermentados: moda ou tendência na aquicultura moderna

    Quero acreditar que seja uma tendência. Independente de ser nos moldes do Bokashi tradicional (mais líquido) ou dos fermentados com textura mais similares a uma massa, minha percepção é que esta alternativa prebiótica, probiótica e alimentar se apresenta ao setor produtivo com uma nova roupagem e novos conceitos de usos. Inclusive mais específica para certas situações e especialmente reduzindo custos de produção, atrelada à melhora do valor nutricional de certos alimentos. Simples? Não, não muito simples. Mas também nada complexo. É questão de entender o processo como um todo e suas aplicabilidades.

    Originalmente, no Japão, o Bokashi foi desenvolvido para fertilização de plantas, principalmente orquídeas e outras ornamentais. Ao longo do tempo foi adaptado e ajustado para uso na aquicultura. Inicialmente para sistemas extensivos, mas atualmente vem sendo trabalhado com força nos sistemas intensivos e superintensivos. Além da fertilização da água em si e do fornecimento de pré e probióticos, também já vem sendo usado, em sua versão mais pastosa ou em massa, como fonte de alimento direto tanto para peixes quanto para camarões.

    Parece que a transformação, através da fermentação, de alimentos de baixo valor nutricional (farelos de arroz, de trigo, de mandioca etc.) em compostos alimentares de alto valor nutricional tem se mostrado eficiente do ponto de vista produtivo e econômico — sem contar os benefícios da função biorremediadora.

    Falando em biorremediação, há relatos de efeitos benéficos destes fermentados tanto a nível de melhora da flora intestinal quanto do ambiente de cultivo. Inclusive como forte aliado à melhor convivência com a doença da mancha branca e a NIM, no caso do cultivo de camarões. Tanto no combate direto a estes vírus — já que processos fermentativos em pH próximo de 4,0 são ricos em bactérias ácido-láticas (Lactobacillus, Pediococcus, Bifidobacterium etc.) que produzem ácidos orgânicos com função antimicrobiana — como também através da inibição de víbrios. No caso destes últimos, os polissacarídeos gerados no processo de fermentação são de um tipo de carboidrato pouco digerível pelos víbrios, inibindo sua proliferação.

    De fato, do ponto de vista teórico, há embasamento técnico suficientemente bem lastreado para sustentar certa eficácia no combate à NIM e à mancha branca. Na prática, vários são os pontos a serem considerados para que realmente isto se confirme.

    Na Fenacam’21, realizada entre 16 e 19 de novembro de 2021, os fermentados estiveram em pauta tanto nas palestras quanto nos estandes e corredores da feira. Seja conversando com pesquisadores ou empresários, o assunto esteve em evidência. Fórmulas comerciais de Bokashi, contendo vitaminas, minerais, melaço em pó, cepas de bactérias e leveduras, foram lançadas. Na verdade, coisa que já existia há alguns anos, mas agora começa a tomar viés comercial. Igual se tem centro ou depósito de distribuição de ração, agora vamos ter também centros de distribuição de Bokashi — sinal de que resultados positivos no campo já devem estar ocorrendo.

    É uma tecnologia que tem história, tem o reconhecimento da academia, tem lastro, vem sendo testada há anos e que, portanto, reúne características para ser mais uma ferramenta aliada do produtor. É fundamental ter o discernimento de que isto é apenas um item a mais do processo, sem o viés de depositar todas as expectativas em uma “receita milagrosa” que resolverá todos os problemas da criação. Às vezes, promessas de que um produto ou nova tecnologia possam ser a solução para muitos problemas podem acabar “queimando” seu real potencial. Neste sentido, se o Bokashi será moda ou tendência, não será somente o tempo que dirá, mas também o modo como a nova tecnologia será trabalhada e apresentada ao mercado.

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