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    Importação de material genético e impactos na carcinicultura brasileira

    A importação de material genético é um tema sempre atual, de manchete, não apenas no Brasil, mas nos principais países produtores do mundo. Por vários motivos e muitos anos, na nossa indústria, essa não era uma prática comum e essa operação de importação estava completamente adormecida.

    Em março de 2022, após um recesso de mais de 15 anos, a carcinicultura brasileira volta a fazer uma importação de reprodutores, de forma legal, e esse não parece ser o único passo dessa caminhada. Há uma movimentação maior e mais clara nessa direção. Vamos procurar nesse artigo, entender como a genética faz parte da solução que todos esperam e suas consequências para carcinicultura brasileira.

    Histórico recente

    Entre 2011 e 2017, o tema “genética” ganha ano a ano tons mais altos, devido à crise de produção gerada pelo vírus da mancha branca. Já nos últimos anos o vírus estava presente em mais de 90% da área de cultivo no país.

    É importante destacar que além dos laboratórios e produtores buscarem alternativas para a convivência com o vírus, seja por animais advindos de viveiros com objetivo de melhorar resistência, como povoamentos com pós-larvas maiores para acelerar o tempo de cultivo, que resultaram em aumento de produtividades, houve também o aumento de áreas de produção, principalmente em águas interiores, que permitiu que a produção aumentasse 28,3% entre 2016 e 2018.

    A partir do segundo semestre de 2018, ocorre, segundo informações de bastidores, o início de uma nova genética na carcinicultura brasileira, de maneira informal. Esse início trouxe uma transformação de sobrevivência, levando as produtividades na casa dos 40 – 60% (500-800 kg/ha/ciclo – 900-1200/ kg/ha/ciclo) em áreas afetas pela mancha branca.

    Inicialmente, essa mudança ocorre no estado do Céara, primeiro estado receptor, e em 2019, boa parte dos laboratórios já estavam fazendo uso dessa linhagem, de forma que a produção entre 2019-2021 cresce a um ritmo superior 15% a.a.

    Solução

    Se está havendo aumento de produção, por que então importar uma nova genética? Por que essa alternativa se apresenta como solução? Porque é preciso aumentar competitividade (aumento de custos, preço de venda), ter uma maior consistência dos resultados de produção, e a esperança é, de que, assim como foi a partir de 2018, uma genética nova possa fazer essa diferença.

    A perspectiva é que além de diminuir os riscos, poderá também aumentar a viabilidade de sistemas que hoje estão praticamente parados, como é o caso dos sistemas intensivos. Há outros benefícios como: diminuir a chance de alta consanguinidade nos laboratórios, evitando possibilidade de entrada de novas doenças, trazer mais tolerância e robustez, incrementar ritmos de crescimentos superiores a 2g/semana.

    Atualmente, há mais de 10 empresas que vendem material genético ao redor do mundo, que trabalham com linhas para: crescimento, sobrevivência, resistência a doenças específicas e salinidade.

    Mas afinal que genética poderia ser a melhor para o Brasil? Não há uma resposta exata para esse questionamento, mas há uma busca muito forte para linhagens de crescimento, mas com resistência. Esse é um comportamento, inclusive que a Ásia começa fazer, deixando de lado as tradicionais linhagens SPF e buscando animais de crescimento e com desempenho de maior robustez frente aos desafios. Será que o Brasil seguirá no mesmo sentido? O momento agora, é de muito estudo e prospecção para ver os comportamentos das melhores linhas em países parecidos com o Brasil.

    Consequências

    A entrada de um novo material “genético” e o comportamento de manutenção desse processo (continuidade das importações), esperançosamente trarão mudanças otimistas para nossa indústria. Como principais consequências: melhora no aumento de competitividade, maior viabilidade para exportações e uma chance de aumentar a participação do camarão congelado no mercado interno.

    Entretanto, se a indústria não estiver preparada para beneficiar o aumento rápido da produção, é possível que durante essa transição a situação de comercialização fique ainda pior do que os dias atuais, por isso é fundamental pensar nas etapas seguintes.

    A carcinicultura brasileira, para seguir com perspectiva e sustentabilidade, precisa de sérias transformações. A genética, é só uma ferramenta de aceleração. Com a expectativa de aumento da produção e das exportações, virá o aumento da visibilidade da indústria e as exigências deverão aumentar: mais fiscalizações, inviabilização da enorme informalidade, maior qualidade do produto, maior disponibilidade para processamento, melhor rede de distribuição, entre outros.

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