As espécies de peixes nativos amazônicos ainda não têm uma presença significativa no cenário de produção aquícola nacional peruana. No ano de 2016, a produção foi liderada pela tambaqui (Colossoma macropomum), com 1.863t e pelo pacu (Piaractus brachypomus), com 1.390t produzidas, seguido de “boquichico” (Prochilodus nigricans). Por outro lado, destaca-se que nos últimos anos têm surgido espécies com um potencial de crescimento aquícola ainda maior. Atualmente, a demanda destas espécies é coberta principalmente pela pesca, destacando-se a “doncella” (Pseudoplatystoma fasciatum), 719t em 2015, “sábalo” (Brycon cephalus), 1.775t em 2015, “zungaro” (Zungaro zungaro), 2.164t em 2015 e o pirarucu (Arapaima gigas) com 1.091 toneladas em 2015 pela pesca e 142t produzidas pela aquicultura.
De forma geral, podemos assegurar que a região amazônica peruana destaca-se pela existência de diversas espécies nativas com potencial produtivo, uma alta demanda de pescado a nível local, existência de terrenos adequados para o cultivo, clima estável e disponibilidade de água. Contudo, estas vantagens não estão sendo exploradas na sua totalidade.
O desenvolvimento aquícola das regiões amazônicas tem sido guiado pela intervenção do Estado através de pesquisas e processos de experimentação realizados pelo IIAP, FONDEPES e o IVITA. O avanço alcançado pelas instituições tem sido significativo na reprodução e cultivo de tambaqui, pacu e “boquichico”. Nos últimos anos houve uma intensificação da utilização destas espécies já que a produção de alevinos está sendo realizada pelos próprios produtores. Esta ação vem refletindo no aumento dos níveis de produção, porém é importante destacar que a oferta de alevinos ainda é insuficiente.
Resultados importantes com pesquisas sobre cultivo e reprodução estão sendo alcançados com os peixes nativos, como o pirarucu, “zungaro” e “doncella”. Para esta última espécie tem-se obtido a tecnologia de produção de alevinos em condições controladas através do esforço em conjunto das empresas BIOAQUAL e PISCICULTURA PANAMÁ (Brasil), em colaboração com UNMSM e a UNISUL, com financiamento compartilhado da INNOVATE.
Mesmo com o cenário promissor apresentado pela piscicultura na Amazônia peruana, ainda há várias espécies de maior demanda e com potencial que se encontram em um estado de pesquisa básica. A tecnologia de produção massiva de alevinos continua sendo uma limitante. Outros aspectos também requerem atenção para serem superados, necessitando de maiores estudos. Entre eles podemos destacar a melhoria das técnicas utilizadas nos processos de produção, uma vez que na maioria dos municípios ainda se praticam processos artesanais. A maior parte da ração fornecida e utilizada comercialmente está sendo formulada principalmente para gamitana. Para as espécies potenciais e emergentes o que se têm são apenas dietas experimentais.
A piscicultura de espécies nativas amazônicas constitui uma grande alternativa a fim de diminuir a pressão extrativa, contribuir com a geração de empregos de forma direta e indireta e para o desenvolvimento de processos produtivos sustentáveis sem afetar a biodiversidade nacional. Assim, se destaca como uma excelente oportunidade econômica para a iniciativa privada peruana.