O texto a seguir é um breve resumo do artigo original. Você pode fazer o download gratuito do conteúdo completo em PDF clicando no botão abaixo ou no final desta página.
Download gratuito. Arquivo em alta qualidade.
E-mail de contato: [email protected]
Introdução
Este relato de caso dá continuidade ao tema da importância da China como potência aquícola e aprofunda a experiência prática vivida no curso “Formação Técnica em Maricultura e Processamento e Logística de Produtos Aquáticos para Países Latino-Americanos e do Caribe”. O treinamento ocorreu entre 11 e 24 de outubro de 2023, em Xiamen, na província de Fujian, e reuniu profissionais do Estado do Rio de Janeiro. Além disso, a iniciativa contou com apoio da Associação dos Estudantes de Seminários da China e do Consulado Chinês no Rio de Janeiro.
Ao longo do período, a programação combinou aulas teóricas no Instituto de Oceanografia de Fujian (FJIO) e visitas técnicas em Dongshan, no condado de Zhangzhou. Dessa forma, os participantes observaram de perto processos produtivos, soluções tecnológicas e práticas de mercado, os quais são fundamentais para compreender por que a China se consolidou como potência aquícola.
Contexto e limites do relato
O texto sintetiza pontos considerados mais relevantes entre as atividades e conteúdos apresentados. Portanto, não substitui o artigo completo nem pretende cobrir a totalidade das discussões. Ainda assim, oferece uma visão estruturada sobre conservação, beneficiamento e comercialização do pescado, além de tendências de consumo e aspectos logísticos.
Metodologia e percurso da experiência
A experiência relatada abrangeu observações em campo e discussões técnicas durante o curso. Em linhas gerais, as visitas incluíram unidades de cultivo marinho, estruturas de processamento e pontos de venda, enquanto as aulas teóricas abordaram tecnologias de conservação, logística de cadeia do frio e marcos regulatórios para comércio interno e exportação. Assim, a combinação entre teoria e prática permitiu comparar procedimentos e identificar oportunidades de adaptação ao contexto brasileiro.
Conservação e beneficiamento do pescado na China
A importância da China como potência aquícola também se sustenta na diversidade de tecnologias de conservação. Entre elas, destacam-se desidratação por secagem natural ou artificial e o uso de métodos como ar quente, infravermelho, micro-ondas e liofilização. Nesse sentido, a secagem ao sol continua amplamente utilizada, mesmo não sendo a opção ideal sob o ponto de vista sanitário. Os produtos desidratados, por sua vez, são leves, compactos e facilmente transportáveis, ganhando espaço como “snacks”. Contudo, o sucesso do processo depende de controles adequados durante a produção e o armazenamento.
Outro ponto central diz respeito ao transporte de organismos aquáticos vivos. Na China, é comum que os animais sejam levados aos pontos de venda em aquários com recirculação, alta oxigenação e controle de temperatura, sendo expostos vivos para escolha do consumidor. Por outro lado, no Brasil essa prática não é permitida, pois o RIISPOA exige industrialização e inspeção antes da venda como produto. Para maximizar a sobrevivência no manejo, há atenção a espécie, estresse, oxigênio, temperatura e uso de estratégias como superoxigenação, resfriamento da água e anestesia com gás carbônico. Consequentemente, a qualidade nutricional é preservada até o momento da comercialização.
Comercialização do pescado
Do ponto de vista industrial, a maricultura chinesa está em expansão com foco em eficiência, volume e valor agregado. Linhas de produção automatizadas, microencapsulação, tecnologias por micro-ondas e ultra alta pressão, além de aplicações de inteligência artificial, vêm impulsionando ganhos de produtividade. Paralelamente, o reaproveitamento de subprodutos de menor valor transforma resíduos em itens de alto valor, como surimi, condimentos, bioativos e ingredientes para alimentos funcionais e para a indústria química marinha.
Em relação ao arcabouço regulatório interno, não há uma lei única de inspeção higiênico-sanitária para o mercado doméstico; entretanto, análises periódicas são realizadas e publicadas online. Já para exportação, os protocolos são regidos pela Administração-Geral de Aduanas da China, com destaque para os Decretos nº 248 e nº 249 de 2021 e para o guia “Single Window Standard User Manual”, que orienta o cumprimento das exigências. Além disso, observa-se uma inflexão: historicamente a indústria cresceu apoiada na exportação, porém mudanças de custos e demanda reduziram o ritmo do crescimento externo. Ao mesmo tempo, políticas públicas passaram a estimular a expansão do mercado interno.
Logística, cadeia do frio e distribuição
Para sustentar a importância da China como potência aquícola, a cadeia do frio foi identificada como prioridade estratégica. Há investimentos públicos e privados em plataformas logísticas modernas, com destaque para unidades frigoríficas cúbicas verticais mecanizadas, superiores a 30 metros de altura, que oferecem alta densidade de estocagem e menor consumo de energia. Esse modelo ganha viabilidade adicional com subsídios à energia elétrica, facilitando a automação e reduzindo custos operacionais.
Além disso, o país investe em mercados atacadistas modernos e em sistemas de gestão eficientes — liquidação centralizada e comércio eletrônico — para acelerar a distribuição. Nesse cenário, plataformas de e-commerce passaram a ofertar desde produtos de luxo e processados até presentes e petiscos. Também surgem lojas comunitárias que integram canais online e físicos, utilizando ferramentas inteligentes para mapear preferências e otimizar o sortimento.
Consumo e tendências
No consumo, a China lidera o indicador per capita, muito impulsionada pela aquicultura. Em 2019, o consumo global de pescado alcançou patamar várias vezes superior ao de seis décadas atrás, com a Ásia respondendo por grande parte desse total e a China contribuindo com parcela expressiva. Em consequência, a demanda por cadeia do frio, qualidade e conveniência cresce de forma consistente.
Regionalmente, há ênfase em cultivos como moluscos filtradores, ouriços e pepinos-do-mar, associados à gestão de áreas destinadas à produção, pesca, conservação e turismo. Paralelamente, empresas otimizam espécies e integram elos produtivos. A modernização de equipamentos e embarcações tem reduzido impactos ambientais. Em produtos com risco intrínseco, como o baiacu, políticas de rastreabilidade incluem etiquetas com QR code para acompanhar a cadeia produtiva. Por fim, o monitoramento de marés vermelhas busca mitigar perdas, sobretudo entre abril e outubro.
Resultados observados
Em síntese, o curso evidenciou que a combinação entre tecnologia, gestão logística e mecanismos de mercado sustenta a competitividade. A integração entre processamento, cadeia do frio e canais de venda, aliada ao reuso de subprodutos, amplia o valor agregado e diversifica o portfólio. Ao mesmo tempo, a estrutura de inspeção para exportação e o uso de dados para rastreabilidade e distribuição reforçam a confiança do consumidor.
Conclusão
O relato confirma a importância da China como potência aquícola e mostra como soluções tecnológicas e organizacionais podem inspirar avanços no Brasil. Portanto, o estreitamento de laços institucionais, a troca de conhecimento e a adaptação de práticas bem-sucedidas tendem a destravar gargalos e fortalecer a cadeia do pescado. Em última análise, a cooperação técnica e a aprendizagem em campo contribuem para ganhos de produtividade, qualidade e segurança alimentar, com impactos socioeconômicos positivos.
Download gratuito. Arquivo em alta qualidade.