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    Ostras nativas acumulam microfibras de poliéster, mas depuração reduz carga diz estudo

    Ostras da espécie Crassostrea gasar, cultivadas no sul do Brasil, ingerem e acumulam microfibras de poliéster. Em testes de laboratório, um processo de depuração de 48h em água limpa diminuiu esse acúmulo, sem alterar as enzimas do sistema antioxidante. O estudo foi conduzido pela equipe do Laboratório de Biomarcadores de Contaminação Aquática e Imunoquímica (LABCAI) em parceria com o Laboratório de Moluscos Marinhos (LMM), o Laboratório de Sanidade e Patologia em Organismos Aquáticos (AQUOS) e o Laboratório de Materiais Vitrocerâmicos (VITROCER), todos eles da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).

    As microfibras são um tipo de microplasticos, com tamanho inferior a 5 milímetros. Para o estudo, a equipe produziu suas próprias microfibras ¨ambientalmente relevantes¨, moendo tecido 100% poliéster de cor vermelha. O material foi confirmado como politetileno de tereftalato (um tipo comum de plástico) por meio de análises avançadas de espectroscopia de infravermelha (ATR-FTIR) e as microfibras foram caracterizadas utilizando microscopia eletronica de varredura. O comprimento médio das microfibras foi de aproximadamente 586 micrômetros. Um total de 88 ostras adultas foram expostas a 0,5 miligramas de microfibras por litro de água por um periodo de 2 e 24h. Após a exposicao, foi realizada uma depuracao por 48h com renovacoes de água limpa, sendo que cada ostra foi alocada individualmente em bequeres de 1L para garantir uma exposicao controlada.

    Importância do estudo

    Bivalves, como as ostras, filtram grandes volumes de água e podem acumular microplásticos, transferindo-os ao longo da cadeia alimentar. Avaliar a ingestão, retenção e eliminação desses materiais ajudam a orientar as práticas de cultivo e a garantir segurança alimentar. A equipe quantificou as partículas nas brânquias e glândula digestiva e avaliou enzimas do sistema antioxidante como catalase (CAT), glutationa S-transferase (GST) e glutationa peroxidase (GPx).

    Resultados

    • As microfibras foram acumuladas principalmente na glândula digestiva (54 partículas), com uma tendencia de aumento após 24 horas. Após a depuração, houve uma redução significativa do acúmulo.
    • As análises nos tecidos identificaram microfibras na glândula digestiva. Além disso, observou-se a presença de células marrons, o que pode indicar uma inflamação.
    • Nas análises das enzimas do sistema antioxidante, não foram observadas alterações significativas entre os grupos expostos e os controles após 24 horas, nem após a depuração. Isso sugere a ausência de efeitos detectáveis a curto prazo nesses períodos e concentrações.
    Etapas da obtenção e caracterização das microfibras de poliéster e do experimento de exposição em Crassostrea gasar. (1) Tecido virgem de poliéster 100% comercialmente disponível; (2) Microfibras moídas prontas para utilização; (3) Aspecto das microfibras observadas ao microscópio estereoscópico; (4) Detalhe da morfologia das microfibras observado por microscopia eletrônica de varredura (MEV); (5) Experimento de exposição das ostras C. gasar às microfibras em sistema controlado; (6) Visualização histológica evidenciando o acúmulo de microfibras na glândula digestiva das ostras.

    Perspectivas futuras

    A pesquisa aponta a necessidade de avaliar concentrações ambientais e respostas a longo prazo, incluindo outros tecidos. O tempo de 48 horas de depuração reduziu as concentrações de microfibras sem alterar os biomarcadores do sistema antioxidante das células a curto prazo. Para a aquicultura, reforça-se a importância de implementar protocolos de depuração e monitoramento de microplásticos nas áreas de cultivo.

    Fonte:

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