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    Ser especialista ou diversificar: um dilema para o aquicultor

    No meio rural, muitos produtores herdam dos pais o empreendimento e seguem a tradição da família e até buscam introduzir novas alternativas de produção na propriedade. Mas há também aqueles que vêm do meio urbano e escolhem empreender no agro, como é o caso, de parte, dos aquicultores de tanques-rede.

    Ao tratar deste tema delicado, busquei expor apenas fatos de forma imparcial, apresentando alternativas com seus prós e contras. A decisão cabe ao produtor, que deve avaliar sua realidade e, sempre que possível, buscar o apoio de um extensionista.

    A maior parte dos aquicultores atua em apenas uma etapa da produção, como a engorda/terminação. Esses podem ser independentes, integrados ou cooperados, sendo considerados produtores especializados. Há também os que se dedicam somente à reprodução e alevinagem, fornecendo juvenis para outros produtores. Além disso, existem empresas que focam exclusivamente na comercialização.

    Apenas um número baixo de empreendimentos, geralmente de médio e grande porte, consegue verticalizar a produção, englobando todas as fases: reprodução, alevinagem, engorda, processamento e comercialização.

    Em perfis distintos, surgem diferentes percepções: alguns produtores se frustram por serem apenas fornecedores de matéria-prima, especialmente quando veem no supermercado preços muito acima do que recebem da indústria. Por outro lado, indústrias também argumentam que suas margens são pequenas, devido aos altos custos de operação, investimentos e carga tributária.

    Diante disso, alguns produtores se sentem motivados a diversificar, implantando pequenas indústrias próprias para agregar valor ao pescado e ampliar sua margem de lucro. Já aqueles que optam por permanecer apenas em um segmento, como independentes, devem estar atentos à fragilidade dessa condição. O ideal é buscar contratos de garantia de compra com as indústrias, para dar previsibilidade à produção.

    Do ponto de vista técnico e econômico, há comprovações de que a especialização tende a tornar o produtor mais eficiente do que aqueles que atuam em todas as fases. Um exemplo vem da avicultura: em conversa com o gerente de produção de uma grande integradora, ele relatou que seus integrados, especializados apenas na engorda, eram de 15% a 20% mais eficientes do que as granjas próprias da empresa. Essa evidência é comum em diversas cadeias produtivas, reforçando a força da especialização.

    Entretanto, a especialização também traz riscos, já que o produtor fica dependente das regras e condições impostas pela indústria. Do outro lado, as indústrias que não são verticalizadas dependem de terceiros para o fornecimento de matéria-prima, enfrentando desafios de fornecimento contínuo, padronização, conformidade e qualidade.

    Sob a ótica da gestão, a verticalização é mais segura por permitir controle total do processo. Porém, exige altos investimentos, sendo viável apenas para produtores ou organizações com maior capacidade financeira. Como alternativa, pequenos produtores podem se unir em cooperativas ou integrações empresariais. Apesar de pouco comuns na aquicultura brasileira, há algumas cooperativas do agro que já atuam em produção de insumos como soja, milho, e também em proteína animal, como aves e suínos e têm mostrado resultados positivos ao expandir também para o pescado, como no oeste do Paraná.

    As cooperativas, de fato, aumentam a competitividade pela escala, reduzem custos e permitem o domínio de todas as fases da cadeia produtiva. Este formato de organização já tem se mostrado vantajoso e sustentável para produtores que conseguem se unir.

    Portanto, diante da necessidade de tomar decisões estratégicas, o produtor deve reunir o máximo de informações possíveis para ser assertivo, considerando os aspectos econômicos e sociais do seu negócio. O papel do extensionista é fundamental nesse processo, ajudando a esclarecer vantagens e desvantagens da especialização e da diversificação.

    O produtor independentemente da escolha é importante entender que no agro, trabalhar isoladamente torna as dificuldades maiores, os custos mais elevados e a rentabilidade menor. Por isso, o aquicultor precisa avaliar com cuidado todas as variáveis que influenciam sua atividade.

    Conclui-se que, ao contar com a orientação técnica adequada, o aquicultor terá mais segurança na tomada de decisão e maiores chances de alcançar êxito e sustentabilidade no seu empreendimento.

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