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    Ulvano: polissacarídeo de alga com valor econômico e ambiental

    Um novo estudo realizado por instituições chinesas propõe um modelo sustentável para a produção e uso do ulvano, um polissacarídeo sulfatado abundante em macroalgas verdes do gênero Ulva. A pesquisa destaca o potencial do composto não apenas para aplicações industriais de alto valor, como também para o sequestro de carbono marinho, função pouco explorada até então.

    O ulvano compõe de 9% a 36% do peso seco de certas espécies de Ulva, sendo o único polissacarídeo de parede celular a conter ramnose e ácido idurônico. Sua extração depende de fatores como espécie, método aplicado e condições ambientais. Técnicas físicas, químicas e enzimáticas influenciam diretamente o rendimento e a qualidade do produto final, com destaque para os métodos enzimáticos, que preservam melhor a estrutura do ulvano.

    A ramnose, um açúcar raro de ocorrência natural, está associada a atividades biológicas como ação anti-inflamatória e estímulo imunológico. Já o ácido idurônico, comum em polissacarídeos estruturais como os encontrados em tecidos animais, contribui para a flexibilidade da molécula e favorece interações com proteínas e íons.

    Esses dois componentes são fundamentais para a bioatividade e a versatilidade do ulvano em aplicações farmacêuticas, cosméticas e alimentícias.A pesquisa também chama atenção para as chamadas “marés verdes”, fenômenos de proliferação massiva de Ulva, como fonte subutilizada de biomassa. Na China, esses eventos já chegaram a acumular mais de 4 milhões de toneladas de massa fresca em um único ano. Parte significativa dessa biomassa poderia ser direcionada à extração de02 ulvano para a indústria alimentícia e biomédica, especialmente quando cultivada em mar aberto, longe de fontes de poluição.

    Esquema da produção e utilização do ulvano com foco em biocombustíveis, alimentos e sequestro de carbono
    Produção e uso do ulvano baseada na natureza: algas Ulva costeiras são usadas para bioenergia com captura e armazenamento geológico de carbono (BECCGS), enquanto as Ulva flutuantes offshore são colhidas para extração de ulvano voltado à alimentação e biomedicina. Ambas as rotas contribuem para o sequestro de carbono via afundamento de carbono orgânico particulado (POC) e formação de carbono orgânico dissolvido refratário (RDOC).

    Além do valor econômico, o estudo reforça o papel ecológico do ulvano. Sua resistência à degradação bacteriana torna-o uma molécula eficaz no armazenamento de carbono. Quando incorporado à biomassa de algas em zonas costeiras ou liberado como carbono orgânico dissolvido, o ulvano contribui para o sequestro de carbono nos oceanos. Essa característica o posiciona como aliado natural em estratégias de mitigação das mudanças climáticas.

    Para equilibrar viabilidade econômica e sustentabilidade ambiental, os autores propõem um modelo integrado: usar algas costeiras para produção de bioenergia com captura e armazenamento geológico de CO₂, e reservar a biomassa de mar aberto para ulvano de alta pureza. Esse modelo circular, chamado de “biorrefinaria-eco-sequestro”, conecta a produção de biocompostos com metas globais de neutralidade de carbono.

    A pesquisa aponta ainda lacunas que precisam ser preenchidas. São necessárias mais investigações sobre como fatores ambientais afetam a produção de ulvano, além do desenvolvimento de métodos padronizados de extração e caracterização. Também se destaca a importância de regulamentações claras para garantir a segurança e rastreabilidade do ulvano em aplicações sensíveis, como alimentos e medicamentos.

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