Movimentos
Devido aos aumentos de produtividade, ampliações e novas áreas de produção, a oferta de camarão (especialmente do camarão fresco), segue crescente. E o desafio com o escoamento e os baixos preços de venda, apesar do momento de alta demanda e abertura do mercado consumidor, tem sido uma preocupação constante no dia a dia dos carcinicultores.
O perfil de porte de produtores que mais cresce no Brasil é o micro, seguido pelo pequeno e eventualmente médio, sejam nos estados de: AL, CE, SE, PB. E é justamente esse segmento que apresenta uma maior fragilidade na comercialização do seu produto, seja pelo pequeno volume de venda ou pela falta de recurso, desde capital de giro ao processamento.
Na maioria das vezes o produtor não consegue trabalhar a venda porque já tem vencimentos a pagar e acaba sendo influenciado a vender por um preço abaixo do esperado. Além disso, com esse tamanho de empreendimento, se o produtor for formal tem muitas dificuldades de operar a fazenda e acaba sendo informal para tentar sobreviver, essa informalidade acaba sendo uma das principais razões para a queda de preços.
Outra consideração relevante é que a venda de camarão fresco não tem capilaridade para avançar em novos municípios, e temos mais de 5.000, Brasil adentro, e à medida que a oferta desse tipo de camarão aumenta, o fluxo de venda fica lento e o preço não consegue se estabilizar. Em relação a venda do camarão congelado que seria um equalizador de preços, não se consegue alcançar ou ultrapassar 30% da produção total de camarão. E as exportações, apesar de todo esforço, ainda não decolaram.
Com aumento dos insumos, com a inflação acumulada do ano de 10,27% (até out), segundo IBGE, fica complicado não olhar para o futuro, sem buscar alguma estratégia ou melhoria de base para o setor.
Experiências
Em momentos de crise, inspirações podem trazer ideias, assim sendo, o estado do Paraná tem sido um grande alento para a Aquicultura Brasileira. Não só pelos seus números produtivos que, segundo a Peixe BR, entre 2015 e 2020, saiu de 80.000 para 166.000 toneladas de tilápia – um aumento de 86.000 t e crescimento de 107,5% no período (15,7% a.a), mas pela sua organização e planejamento estratégico para alcançar esse êxito.
É importante destacar que a distribuição significativa da venda da Tilápia ocorre majoritariamente no mercado interno, onde muitas vezes discutimos se o Brasil comporta o aumento da produção de camarão. Certo que o preço dos produtos são fatores a se considerar, porém a experiência de organização desse estado, nos permite vislumbrar um crescimento mais sustentável.
O modelo de cooperativa no PR, permite formalizar os atores da indústria facilitando acesso ao crédito, e possibilita destacar pontos fortes na comercialização dos produtos, seja na rede de logística como na carteira de valor agregado.
Referências para as próximas jogadas
Há alguns anos Allan Cooper da empresa Marinasol do Peru, relatou sua experiência com a indústria do abacate no mercado americano, destacando como em 5 anos o volume de consumo de abacate saiu de 691.000 para 1.000.000 de toneladas, com preços firmes durante o período.
Uma das razões a que ele atribuiu a esse aumento foi o enfoque em:
- Coleta de dados (volume, destino)
- Uma abordagem unificada para o Marketing
As informações de mercado são partes cruciais para estabelecer estratégias. A carcinicultura precisa encontrar seu caminho para detalhar mais os seus dados, dessa forma é onde vejo, o quanto as associações podem contribuir para o produtor sobreviver e o quanto o produtor deve apoiar suas associações de classes.