O uso de biopesticidas cresce como alternativa “verde” aos agrotóxicos sintéticos. Porém, uma nova revisão científica indica que esses produtos podem trazer riscos à saúde dos peixes de água doce.
Pesquisadores da Índia, Itália e Kosovo analisaram estudos sobre diferentes biopesticidas, que vão de microrganismos a extratos de plantas. Eles verificaram que a exposição pode alterar a microbiota intestinal (conjunto de microrganismos do intestino) dos peixes. Essa comunidade é essencial para digestão, absorção de nutrientes, imunidade e crescimento.
Segundo os autores, desequilíbrios na flora intestinal, chamados disbiose, podem causar inflamações, reduzir a diversidade microbiana, prejudicar a digestão e aumentar a vulnerabilidade a doenças. Em alguns casos, também foram observados menor crescimento e problemas reprodutivos.

O estudo aponta ainda estratégias para reverter os efeitos, como o uso de probióticos, prebióticos, simbióticos (combinação dos dois) e rações produzidas com insetos. Essas medidas podem restaurar a saúde intestinal e reforçar a resistência dos peixes a condições ambientais adversas.

Os cientistas defendem que os impactos dos biopesticidas sobre a microbiota dos peixes passem a integrar as avaliações de risco ambiental. A meta é garantir que a busca por soluções sustentáveis no controle de pragas não prejudique os ecossistemas aquáticos e a aquicultura.