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    Biofilmes na carcinicultura: nova revisão mostra avanços no cultivo de Litopenaeus vannamei

    Uma revisão publicada na Reviews in Aquaculture (2025) apresenta um panorama detalhado sobre os Sistemas de Aquicultura com Biofilme In Situ (In Situ BFSs) aplicados ao cultivo do camarão-branco-do-Pacífico (Litopenaeus vannamei). A tecnologia se mostra uma alternativa promissora frente aos desafios ambientais e produtivos da carcinicultura intensiva.

    Contexto e desafios da carcinicultura intensiva

    • Em 2022, a aquicultura global produziu 130,9 milhões de toneladas, sendo 6,8 milhões de toneladas de L. vannamei, espécie mais cultivada no mundo.
    • O sistema intensivo enfrenta graves problemas com acúmulo de nitrogênio inorgânico (amônia, nitrito e nitrato) e sólidos suspensos (SSs), que comprometem a saúde dos camarões e aumentam o risco de doenças como AHPND (Necrose Hepatopancreática Aguda) e WSSV (Vírus da Mancha Branca).

    Princípios dos sistemas In Situ BFSs

    • Consistem na introdução de substratos (naturais ou artificiais) nos tanques, permitindo a fixação de biofilmes.
    • Biofilmes abrigam micro-organismos nitrificantes e desnitrificantes, responsáveis por transformar compostos tóxicos (amônia e nitrito) em nitrato ou gás nitrogênio.
    • Além do tratamento de água, os biofilmes funcionam como fonte suplementar de nutrientes e abrigo contra o estresse e o canibalismo entre os camarões.

      Esquema dos sistemas de biofilme in situ na carcinicultura de Litopenaeus vannamei
      Composição do sistema BFS in situ: biofilme, vias de transformação do nitrogênio e benefícios produtivos e ambientais.

    Biofilme x Biofloco: qual a diferença?

    • Biofilme: comunidade de micro-organismos que cresce aderida a superfícies sólidas. Atua principalmente na remoção de compostos tóxicos por meio da nitrificação e desnitrificação.
    • Biofloco: agregados microbianos suspensos na água, formados por bactérias, algas, protozoários, restos de ração e fezes. Além de tratar a água, funcionam como alimento natural, rico em proteína.

    Resumindo:

    • Biofilme = colado no substrato.
    • Biofloco = em suspensão na água.

    Substratos utilizados

      • Naturais: folhas de palmeira, fibras de coco, bambu, esponja vegetal.
        Vantagem: baixo custo.
        Limitação: rápida degradação.
      • Artificiais: fibras sintéticas, PVC, espuma de poliuretano, redes plásticas (ex. AquaMats, Needlona).
        Vantagem: durabilidade e maior área para colonização microbiana.
      • Estudos mostram que esses materiais podem aumentar peso final, sobrevivência e reduzir a Taxa de Conversão Alimentar (FCR).

    Métodos de fixação e cultivo de biofilmes

    • Fixação pode ser vertical, horizontal ou suspensa, garantindo melhor circulação e contato com a água.
    • Biofilmes podem ser formados por:
      • Colonização natural (70 dias em média para maturação).
      • Pré-colonização em tanques com água “madura” ou uso de consórcios microbianos comerciais.
    Formatos de fixação de substratos artificiais para biofilme em tanques de Litopenaeus vannamei
    Formato e modo de fixação de substratos artificiais em BFSs in situ para L. vannamei. (A: Configuração vertical, completamente fixo, Needlona; B: Configuração vertical, parcialmente fixo, Needlona; C: Configuração vertical, formato de fronde, Needlona; D: Substrato colocado no meio dos tanques e mantido submerso, biocarreador de esponja; E: Configuração horizontal, rede de nylon; F: Suspensão vertical, substrato flexível; G: Configuração vertical, tela mosquiteiro; H: Configuração vertical, Aquamats).

    Fatores ambientais críticos

    • Temperatura: ideal entre 25°C e 35°C.
    • pH: deve permanecer entre 7,0 e 8,5.
    • Oxigênio dissolvido: acima de 2 mg/L.
    • Salinidade: excesso (>30‰) pode prejudicar a nitrificação.
    • Densidade de estocagem: deve respeitar a capacidade de suporte do biofilme.

    Resultados observados em cultivos

    • Redução significativa de amônia, nitrito e sólidos suspensos.
    • Aumento das taxas de sobrevivência e ganho de peso.
    • Melhora no desempenho zootécnico: camarões cultivados com AquaMats apresentaram produção de até 2,20 kg/m², contra 1,66 kg/m² em sistemas sem substratos.
    • Menor incidência de bactérias patogênicas (Vibrio spp.) pela competição com micro-organismos benéficos do biofilme.

    Integração com outras tecnologias

    • Bioflocos (BFT): sinergia no controle da qualidade da água e no fornecimento de alimento natural.
    • Algas: sistemas de simbiose aumentam a absorção de nutrientes e melhoram a oxigenação.
    • Perspectivas futuras incluem desnitrificação autotrófica por enxofre (SAD) e biofilmes assistidos por campo elétrico.

    Conclusão

    O estudo aponta que os Sistemas de Biofilme In Situ oferecem vantagens ambientais, sanitárias e econômicas para a carcinicultura intensiva. Além de melhorar a qualidade da água e o desempenho produtivo do camarão, reduzem a dependência de trocas frequentes de água e de antibióticos, alinhando o cultivo de L. vannamei com os princípios da sustentabilidade na aquicultura.

    Estudo original / referência

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