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    Processos evolutivos na produção de peixes redondos: o que fazer para minimizar problemas em períodos com escassez de água?

    Paira sobre a Amazônia uma grande escassez hídrica para este período de 2024. Apesar do nome da atividade dar uma conotação de ser o peixe a principal matéria prima da piscicultura, a água é o elemento mais importante desta atividade. Muitos já ouviram a frase que diz “O melhor piscicultor é aquele que melhor cuida da água de cultivo”.Esta é uma verdade absoluta e que quanto melhor monitorada e ajustada a qualidade de água, maiores são as margens econômicas, produtividade e bem-estar animal dos peixes em cultivo. Sabemos que ao se alimentar, os peixes absorvem e incorporam parte do alimento e excretam outra parte que é composta de alimento digerido e não totalmente digerido. Estes resíduos orgânicos ricos em compostos nocivos e prejudiciais se acumulam no fundo dos viveiros, onde são lentamente metabolizados, requerendo oxigênio e outros compostos para esta metabolização.
    À medida que o tempo de cultivo vai acontecendo e que os peixes vão crescendo, cresce também o requerimento por alimento para dar continuidade no crescimento e no ganho de peso. Esta ampliação da necessidade alimentar também gera proporcionalmente um aumento da quantidade de resíduos que por sua vez requerem uma maior quantidade de compostos e oxigênio para degradação e também de renovação de água para expelir do viveiro o excesso de resíduos prejudiciais ao cultivo.E em tempos de escassez hídrica, onde não se tem todo volume de água necessário para realização das trocas, que estratégias os produtores podem fazer para minimizar as restrições produtivas e ainda conseguir manter margens econômicas positivas na produção?

    Uma prática ainda pouco utilizada e mensurada pelos piscicultores é o uso de biorremediadores. Estes produtos são enriquecidos com variadas cepas de bactérias e enzimas, adaptadas a metabolizar e degradar compostos orgânicos nocivos aos peixes, transformando-os em compostos não nocivos, como é o caso da nitrificação do nitrito em nitrato e em seguida em nitrogênio atmosférico.

    Existem tipos de biorremediadores mais adequados para cada extrato do viveiro de cultivo, principalmente fundo e coluna d’água, com diferentes cepas de bactérias específicas para cada uso e cabe aos produtores elegerem quais os produtos mais adaptados para suas necessidades de manejo da qualidade de água durante as fases de cultivo.

    Em outras palavras, os biorremediadores quando corretamente aplicados, dispensam necessárias as trocas de água para expelir os compostos nocivos. No caso da escassez de água estes produtos podem se tornar grandes aliados dos piscicultores, pois além de minimizar a necessidade de renovação de água, em pisciculturas abastecidas por bombeamento também reduzem o consumo de energia elétrica, melhoram as condições físico-químicas da água de cultivo, promovem a melhoria do fator de conversão alimentar, saúde e imunidade dos animais, sanidade do ambiente de cultivo e manutenção da boa produtividade durante os ciclos seguintes, que estarão com carga de material orgânico acumulado no fundo praticamente inexistente.

    Dispensando também a prática de remoção mecânica da matéria orgânica, operação cara e que demanda a mobilização de máquinas e riscos futuros de criação de pontos de vazamento e perda de água pelo fundo dos viveiros. Além dos biorremediadores, a prática de incorporação de compostos prebióticos às rações melhoram a eficiência digestiva dos peixes, promovendo maior e melhor crescimento dos animais e reduzindo a carga metabólica para o ambiente de cultivo.

    Existem várias marcas e especificações destes produtos no mercado, com relatos de melhoria de eficiência alimentar próximas de 20% sobre o Fator de Conversão Alimentar dos peixes. Citadas todas as vantagens e aplicações, surge uma pergunta: Será que as práticas da biorremediação e do uso de melhoradores de eficiência alimentar são vantajosas e utilizáveis somente para períodos de escassez hídrica?

    Ainda abordando o tema da escassez hídrica e pensando em outro fator que é o descarte de água de cultivo em momentos de despesca, uma simples estratégia pode ser adotada para que os piscicultores não necessitem esvaziar ou baixar a água dos viveiros no momento da retirada dos peixes, que consiste em elevar uma das extremidades ou parte do viveiro.

    Em geral viveiros de cultivo na Amazônia apresentam profundidade entre 1,5 e 2 metros. Tenhamos como exemplo um viveiro com 1,7 metro de profundidade na parte oposta à drenagem. Usando a estratégia de elevar este ponto em cinquenta centímetros, teríamos um ponto de despesca com 1,2 metro de coluna de água, profundidade prática e confortável para operadores realizarem uma despesca e por sua vez o piscicultor não precisará dispensar água de cultivo, já enriquecida, mineralizada e estabilizada e também não precisará usar água nova da fonte, seja bombeada ou por gravidade, reduzindo custos com insumos e energia elétrica.

    Além de mais econômicas estas estratégias possibilitam uma otimização do uso de água, permitindo ampliações de área produtiva.

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