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    Visão restaurada em cães com pele de tilápia

    Pesquisadores do Núcleo de Produção e Desenvolvimento de Medicamentos (NPDM) da Universidade Federal do Ceará (UFC) desenvolveram uma técnica cirúrgica inédita. Ela usa pele de tilápia-do-nilo (Oreochromis niloticus) como matriz dérmica acelular para tratar lesões e perfurações de córnea em cães. O método foi criado para raças braquicefálicas, como pugs, bulldogs, lhasas e shih-tzus. Esses animais possuem focinho curto e olhos mais expostos, o que aumenta o risco de lesões oculares.

    Desde 2019, a equipe já tratou mais de 400 animais com sucesso. Para produzir o biotecido, a pele do peixe passa por um processo que remove escamas e células, restando apenas colágeno puro. A veterinária Mirza Melo, líder do estudo, explica que o material tem baixo custo. Isso ocorre porque ele vem de um resíduo da indústria pesqueira local, ao contrário das membranas importadas feitas de bovinos ou suínos.

    O preparo inclui descelularização, liofilização e esterilização. Como resultado, forma-se uma lâmina de colágeno transparente e flexível. O cirurgião reidrata essa lâmina, coloca sobre a lesão e realiza a sutura. Dessa forma, a matriz protege a córnea, estimula a migração celular e libera colágeno durante a absorção, acelerando a cicatrização.

    Resultados clínicos

    Estudos comparativos indicam que a matriz dérmica de tilápia proporciona cura mais rápida e maior transparência corneana. Além disso, apresenta baixa vascularização em comparação a membranas porcinas ou enxertos conjuntivais. O primeiro caso relatado ocorreu em uma cadela shih-tzu com perfuração ocular. O trabalho foi publicado na revista Brazilian Journal of Animal and Environmental Research em 2022 e registrou bons resultados, como ausência de manchas e melanose.

    Ampliação de aplicações médicas

    Essa pesquisa faz parte de um projeto iniciado em 2014, coordenado pelo cirurgião plástico Edmar Maciel. Ele investiga o uso da pele de tilápia em várias áreas médicas. Entre elas estão o tratamento de queimaduras, reconstrução vaginal, reparo de dedos na Síndrome de Apert, além de aplicações em urologia, cardiologia, cirurgia geral e neurocirurgia.

    Vantagens e perspectivas

    O método apresenta aplicação simples, menor risco de infecção e dispensa trocas frequentes de curativos. Portanto, oferece uma solução eficaz e acessível frente às alternativas importadas. Os pesquisadores pretendem licenciar a tecnologia para produção em escala industrial.

    No campo da aquicultura, essa inovação mostra como ciência, saúde e sustentabilidade podem caminhar juntas. Além disso, reforça o valor da bioinovação e do aproveitamento de resíduos, em alinhamento com os princípios da economia circular.

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