Biofloc: funciona, mas não é para todo mundo
Uma tecnologia de cultivo que chamou bastante atenção da piscicultura brasileira nos últimos anos foi o sistema Biofloc. Por que ele atrai tanto os produtores? Porque promete produção intensiva, uso eficiente da água e conversão de resíduos em proteína aproveitável pelos peixes.
No entanto, apesar das promessas e dos bons resultados observados em alguns empreendimentos, o sistema Biofloc não é para todos.
Esse sistema exige controle rigoroso de diversos parâmetros da água, como oxigênio dissolvido, alcalinidade, sólidos totais, amônia e nitrito. Também requer conhecimento técnico e monitoramento constante. Sem isso, o sistema pode colapsar rapidamente e trazer grandes prejuízos.
Além disso, os custos de implantação e operação podem ser elevados. A necessidade de energia elétrica constante, uso de sopradores ou aeradores potentes e ração de qualidade encarece o processo. Isso sem contar os investimentos em capacitação técnica e equipamentos de medição e controle da água.
Outro fator é o manejo. O Biofloc pode dificultar a visualização dos peixes, interferir em coletas de dados biométricos e exigir mais atenção ao bem-estar animal. Pode ainda haver acúmulo de compostos nitrogenados se não houver equilíbrio adequado entre carbono e nitrogênio.
Em contrapartida, produtores que dominam a técnica relatam bons índices de produtividade, economia de água e melhora na conversão alimentar, devido ao consumo dos flocos pelos peixes. Alguns inclusive afirmam que os custos se tornam competitivos a médio e longo prazo.
Portanto, antes de optar pelo Biofloc, é fundamental avaliar a viabilidade técnica e econômica, o nível de capacitação disponível e os objetivos do empreendimento. O sistema pode sim funcionar bem, mas não se trata de uma solução universal para todos os piscicultores.