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    Morte “morrida” x morte “matada”

    É assim que costumo chamar: morte “morrida” quando o peixe tem alguma doença e acaba, infelizmente, morrendo; e “matada” quando há predação. Tem a morte que a gente vê e a “invisível”, que causa aquela surpresa desagradável na hora da verdade: na hora da despesca. E essa predação pode acontecer com muito mais frequência e em maior quantidade do que nós imaginamos, impactando diretamente o sucesso do cultivo.

    Muito além das aves piscívoras, que acabam se alimentando de peixes, há muitos outros animais que também se alimentam de peixes como: barata d’água e odonata, larva de libélula. Estes dois pequenos animais, por exemplo, podem causar grandes mortalidades embaixo d’água, aquela perda “silenciosa”, que a gente não vê. Além disso aves como: biguás, socós, garças, bem-te-vi, martim-pescador entre outras, peixes como as espécies nativas traíra e mussum, comuns em nossa região. Até mesmo mamíferos como morcego e lontras, répteis como cobras e jacarés, e anfíbios como as rãs podem se alimentar de peixes. Lembrando que, infelizmente, as perdas ocorrem por uma combinação de alguns dos motivos acima.

    Na coluna de hoje vamos trazer algumas dicas e recomendações de como minimizar essas perdas por predação.

    Na literatura encontramos perdas estimadas em cerca de 10%, mas “na prática a teoria é outra”. As perdas variam de acordo com cada propriedade, viveiro e até mesmo época de povoamento, podendo chegar, dependendo de cada ocasião, em até 50%, já vi isso acontecer na prática. Para evitar essas perdas “invisíveis” com a predação por baratas d’água e odonatas é importante NÃO preparar o viveiro com muita antecedência. Nós recomendamos que o preparo do viveiro seja feito com o máximo 15 a 10 dias antes da data do recebimento dos alevinos, sendo que adubação com no máximo 7 dias de antecedência. Na verdade o ideal seria o início do preparo do viveiro ser feito quando se tem a data de recebimento dos alevinos, especialmente se forem alevinos 1, os menores, onde a predação é ainda maior normalmente. Esta etapa é de suma importância e impacta direta e indiretamente na sobrevivência e bem-estar dos peixes. É começar do jeito certo, não esquecendo da aclimatação correta destes peixes.

    Ainda falando em preparação do viveiro, a recomendação atual é fazer a desinfecção no fundo do viveiro, apenas caso seja necessário, ou seja, caso haja: presença de desovas de tilápias, presença de espécies nativas indesejadas e alguma doença no ciclo anterior. Caso contrário você pode pular esta etapa e ir para a calagem. Segundo alguns manuais de piscicultura em viveiros escavados (Embrapa e Epagri) a recomendação pode ser de 100 a 200 gramas de cal virgem por metro quadrado no fundo do viveiro, podendo ter como alternativa ou complementação o hipoclorito de sódio na dose de 3 a 5 g/m² diluindo em água, podendo ser utilizadas apenas nas poças de água. Lembrando sempre do uso dos equipamentos de proteção individual.

    Animais predadores podem vir por meio da água de abastecimento, para evitar a entrada você pode colocar telas na entrada de água ou construir caixas de passagem com brita no abastecimento dos viveiros. A utilização de redes antipássaro também podem contribuir significativamente para diminuição das perdas por morte “matada”. Lembrando que todos estes animais também podem ser vetores de doenças, sendo animais assintomáticos, mas transmitindo algumas doenças no cultivo, podendo causar também a morte “morrida”.

    O povoamento com alevinos maiores ou até mesmo juvenis de peixe, diminuindo assim a perda por predação também pode ser uma boa estratégia aumentando a taxa de sobrevivência do lote.

    O uso de berçário como estratégia de recria e o repasse e contagem dos peixes repassados (estimativa com uma biometria bem caprichada) também pode auxiliar para o sucesso do cultivo. Se este viveiro ficar localizado em uma área da propriedade mais movimentada ou mais perto da casa do piscicultor, as chances de perda são ainda menores por conta da presença de menos aves.

    Moral da história: já vimos aqui que, infelizmente, há diversos fatores que impactam a taxa de sobrevivência dos peixes, podendo causar grandes prejuízos econômicos, falando apenas das perdas por predação, fora à presença das doenças, que são um caso à parte. Diversas ações estão em nossas mãos para evitar surpresas na hora da despesca que quando aliadas às boas práticas de manejo corroboram para o sucesso do cultivo. “Bora” caprichar mais na próxima

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